“Gestão da Inovação é o conjunto de processos e atividades baseadas em fundamentos, que permitem que a inovação possa ser contínua em organizações. Pois, partindo do pressuposto que toda organização que queira se diferenciar deve inovar, é preciso haver um processo definido para que a inovação aconteça de forma constante. Controlar esse processo e suas variáveis, como fundamentos e atividades, é chamado de Gestão da Inovação.
O que você vai ver nesse artigo:
A história da gestão da inovação não pode ser desvinculada da história da inovação a partir do ponto de vista da economia – que remonta ao começo do século XX.
Entre os anos 1930 e 1940, o economista austríaco Joseph Schumpeter identificou a inovação como um fator significativo para o crescimento econômico. Já em 1979, Ralph Biggadike publicou um artigo na revista Harvard Business Review, abordando sua pesquisa sobre o que as empresas poderiam esperar ao inovar, intitulado “The risky business of diversification” (em tradução livre: “O negócio arriscado da diversificação”). A pesquisa foi realizada utilizando dados de 68 inovações realizadas por 35 empresas.
Nos estágios iniciais, incluindo os trabalhos de Schumpeter sobre o assunto, a inovação era vista ainda como um processo individual e resultado de uma combinação de inteligência, experiência e intuição. Depois, na década de 1980, ganhou força a visão de que a inovação exige envolvimento das pessoas dentro da organização; o resultado foi o surgimento da famosa caixa de sugestões, como ferramenta para promover esse envolvimento.
Outra tendência da década de 1980 foi a criação do departamento de P&D. Na contramão da proposta de envolvimento de todos, ele limitava a inovação a um grupo apenas de pessoas dentro da empresa. Muitas vezes, o resultado eram criações que não tinham relevância mercadológica e não traziam resultados concretos para o negócio. Por isso, não podiam ser realmente consideradas inovações, mas sim invenções.
A gestão da inovação surgiu para permitir que as empresas inovem de maneira sistemática, em vez de deixar a questão ao acaso. Somente sendo consistente e (relativamente) previsível, a inovação pode tornar-se, de fato, uma ferramenta para obter uma posição mais vantajosa no mercado.
A inovação sistemática, por sua vez, é uma resposta ao crescimento da concorrência. Ela permite que uma empresa consiga conquistar mais clientes, explorar novos nichos, reduzir custos – enfim, encontrar maneiras de preservar seu espaço. Empresas que não inovam são eventualmente superadas, direta ou indiretamente; é o caso da substituição do táxi pelo Uber, ou dos hotéis tradicionais pelo AirBNB. Em outras palavras: se você tem concorrentes, precisa inovar.
Depois de entender como a Gestão da Inovação Surgiu, precisamos alinhar o que é inovação.
A sua definição pode ser diferente de acordo com a época e o autor. Mas a frase que mais se alinha com o propósito dela estar presente em empresas e com o que toda a equipe AEVO faz é:
“Inovação é a implementação de ideias que geram valor para o negócio” – Equipe AEVO
Então esse é o conceito de inovação que vamos trabalhar. É importante esse alinhamento para que o conhecimento sobre Gestão da Inovação possa ficar claro e tenhamos a possibilidade de prosseguir.
Agora que já é compreendido o que é inovação dentro de empresas, temos que ter em mente que existem diferentes tipos de inovação.
Para uma Gestão da Inovação eficaz, é preciso subdividir a inovação e saber com qual trabalhar e quais ações promovem cada tipo de inovação. Essa é uma ação que serva até para desmistificar a inovação:
Mas sabia que a inovação disruptiva só surge em um ambiente propício, com cultura de inovações incrementais? É isso que um famoso pesquisador de inovação diz.
Joe Tidd escreve que uma inovação disruptiva em uma empresa, só surge depois de um conjunto de inovações incrementais.
“[…] conclui-se que a inovação incremental, ainda que arriscada, é uma estratégia gerencial de grande potencial, porque inicia a partir de algo conhecido, que é aprimorado. Entretanto, à medida que avançamos para opções mais radicais, a incerteza tende a aumentar, até o ponto em que não temos a menor ideia sobre o que estamos desenvolvendo ou em vias de desenvolver! Isso mostra por que a inovação descontínua é tão difícil de ser controlada” – Joe Tidd
Logo, a inovação contínua através da Gestão da Inovação, é uma maneira de controlar as variáveis da inovação.
E outro dado muito interessante é que inovações incrementais podem gerar mais retorno financeiro do que inovações em produtos já existente, explica novamente Joe Tidd.
Por isso é extremamente importante para um Gestor da Inovação, saber que ele deve estimular as inovações incrementais para que as maiores chegam e também para que seu ciclo de inovação se justifique e seja sustentável, pois a área e o cargo de Gestão da Inovação só fazem sentido se houver ROI da inovação para a empresa.
Todos esses dados e conhecimentos mais aprofundados estão disponíveis no livro de Joe Tidd e John Bessant, nomeado “Gestão da Inovação”.
Para nos aprofundarmos mais, depois de todos os conceitos acima já compreendidos, é preciso saber quais problemas atacar com ideias inovadoras.
Baseando-se nos horizontes de inovação, existem 3 níveis possíveis para se trabalhar a Gestão da Inovação. Você vai precisar de ideias diferentes dependendo do horizonte no qual sua empresa precisa de mais atenção:
Conseguiu entender as principais fases que compõem os horizontes de inovação? Se resta qualquer dúvida, você pode saber mais no nosso artigo horizontes de inovação: seu negócio precisa sobreviver.
Nessa fase de foco, é preciso entender a realidade atual da sua empresa e saber em quais horizontes atuar:
Foco único – depois de refletir sobre os conceitos de horizontes de inovação e sobre seu negócio, é possível que você chega à conclusão de que é melhor focar em novos processos e/ou em novos produtos. No entanto, se você não estiver seguro de que sua empresa faz muito bem o que se propõe a fazer, provavelmente no início da sua gestão de inovação seja mais interessante você pensar em inovações incrementais de processo e/ou produtos já existentes.
Multi foco – também é possível trabalhar de formas diferentes ao mesmo tempo. Sua empresa pode estar em um momento de transição entre os horizontes de inovação e seja exatamente a hora de começar a pensar em novos projetos relacionados ao seu negócio e ao mesmo tempo sempre se preocupar com a inovação incremental contínua, melhorando o que já existe.
Com certeza chegará o dia no qual sua empresa estará sempre caminhando entre os três horizontes, que é um cenário muito saudável de inovação.
Para ter a possibilidade de trabalhar ao mesmo tempo com os três horizontes, é recomendável a implantação de um Programa de Ideias de Inovação na sua empresa. Dessa forma, aumenta-se a capacidade de ter novas ideias para geração de valor para o negócio.
Para que a inovação seja contínua e tenha alto impacto para os resultados de uma empresa, é preciso desenvolver fundamentos que garantem o desenvolvimento de um processo de inovação contínua.
Esses fundamentos, são esforços que a própria organização deve viabilizar, então é importante entender quais são os principais pontos de desenvolvimento que a sua empresa pode precisar para ter um ambiente mais propício a inovação:
É a capacidade da empresa de não cometer os mesmos erros do passado, entender o perfil dos próprios trabalhadores, perfil dos clientes e peculiaridades do mercado. Esse fundamento se resume a base de conhecimento que a empresa possui para sempre estar em evolução.
Saber o dos erros passados pode livrar sua empresa de cometer os mesmos erros no futuro. Isso se relaciona muito com Gestão da Inovação, pois uma vez que no passado algo já não deu certo, vale a pena saber a razão pela qual o erro aconteceu. Isso dá abertura para tentar aplicar ideias de forma diferente.
A aprendizagem organizacional tem muito a ver com ROL (Return on Learning) ou Retorno sobre Aprendizado, você pode ler mais sobre esse assunto no nosso artigo sobre Return on Learning.
A cultura de inovação está ligada à liberdade individual que os colaboradores têm para tomar iniciativas que podem gerar valor para a empresa.
E essa cultura de inovação certamente não surge do nada, é preciso construir. E só se constrói alguma coisa tomando ações concretas.
Por isso que incentivar e reconhecer as pessoas que tem iniciativa e geram resultados além do esperado é uma das principais formas de disseminar e desenvolver uma cultura mais inovadora.
Comunicar essa liberdade individual é importante para que iniciativas intraempreendedoras aconteçam, por isso é fortemente recomendado que os líderes empresariais incentivem e usem o empowerment para promover um melhor clima organizacional e estimular os colaboradores.
Algumas ferramentas podem ajudar toda a empresa a engajar os colaboradores em uma cultura inovadora. Pode-se usar os one-on-ones, que é uma reunião do colaborador com seu gestor direto, onde o gestor pode o ajudar através de um plano de desenvolvimento individual.
Também é possível usar de encontros comuns e presenciais para comunicar o que a empresa espera dos colaboradores, como palestras e treinamentos.
E para uma cultura pegar é preciso de uma comunicação feita sete vezes através de sete formas diferentes! Caso queira se aprofundar, veja nosso artigo Cultura da Inovação: Por que e como Implantar!
Entende-se que inovação é a ideia implementada que gera valor para o negócio. E a geração de valor é dada de diferentes formas, então ela culmina em mais dinheiro entrando ou mais engajamento dos colaboradores no negócio. É dessa forma que funciona um Programa de Ideias.
E se inovação é gerar valor para o negócio e um Programa de Ideias de Inovação gera valor de forma contínua, podemos concluir que deve ser estratégico para qualquer empresa incentivar a inovação e torna-la contínua através de um Programa de Ideias.
O case da Aviva deixa claro que um Programa de Ideias gerou R$ 55 milhões de retorno financeiro e ainda mexeu com a cultura da empresa, onde cada colaborador tem claro que quer deixar um legado para a Aviva e seus clientes.
Por isso, toda empresa deve ter em sua estratégia, algo relacionado a inovação. Se tiver e não executar, não vale de nada. E se não tiver, é o mesmo.
Existe uma frase comum quando se trata de liderança e pipeline: “metade do seu sucesso é o seu sucessor”
A liderança é tão importante em vários aspectos que talvez não caiba em palavras. Primeiro que liderar é mostrar o caminho e fazer junto, tomar a responsabilidade, ter iniciativa, assumir riscos…
Mas existe um ponto mais importante que muita gente esquece: liderar é também desenvolver pessoas.
E se você desenvolve pessoas, logo elas estarão mais aptas a exercerem todo o seu potencial profissional, inclusive sugerir melhorias para sua empresa e gerar valor para o negócio.
Liderar então é alavancar pessoas. E inovação vem das pessoas e liderar também é ser exemplo. Por isso uma empresa para se tornar inovadora, ela precisa de ter líderes que incentivem os colaboradores a terem ideias e fazer diferente.
Ninguém vai dar novas ideias para inovação se existirem líderes que deixam as pessoas para baixo e não ouvem de fato as sugestões de melhorias das pessoas, principalmente as da linha de frente.
Em um Programa de Ideias com uma Gestão de Inovação avançada, com certeza existe um marketing bem usado.
Um dos fatores que faz a Gestão de Inovação ser facilitada é o marketing, pois sem comunicação para engajamento, sem novas ideias, a inovação fica sem matéria prima.
E um dos pontos mais importantes para um Programa de Ideias, é o engajamento.
Por isso o marketing, ou melhor, o endomarketing (marketing interno) é essencial para habilitar as engrenagens que o gatilho para novas ideias dos colaboradores.
No nosso artigo sobre endomarketing, você pode visualizar exemplos sobre endomarketing eficaz. Confira: Endomarketing em Programa de Ideias.
Como citado no início do artigo, a inovação pode ser observada como um processo, onde existe um input e um output, como uma fábrica.
No início a matéria prima são as ideias, que podem vir dos próprios colaboradores da empresa e no final de tudo temos a inovação, que são as ideias implementadas gerando valor para o negócio.
Então, para que a inovação seja constante, você precisa de um processo bem definido. E para ter uma Gestão da Inovação eficaz, você deve conseguir controlar o máximo de variáveis possíveis desse processo de inovação.
E como auxilio nesse controle de processo, você pode adquirir uma ferramenta que te ajude na Gestão de Inovação, um Software de Gestão de Inovação.
Já vimos que as pessoas que estão no centro da inovação. Por esse motivo, esforços por parte da empresa e gestores devem ser dirigidos para as pessoas.
Esses esforços devem ser direcionados para a criação de um ambiente que permita a inovação e valorize as pessoas que tem iniciativas.
Através de educação em formato de eventos e palestras é possível estimular um pensamento diferente nas pessoas já estabelecidas em uma organização. E através da inovação no setor de Pessoas, é possível estabelecer processos melhores para a seleção de perfis que são mais aptos a tomarem iniciativas inovadoras.
É extremamente importante se relacionar com diferentes realidades, perspectivas e pessoas para que haja a possibilidade de você conseguir sair de sua própria bolha para pensar fora da caixa.
Por isso, para uma boa Gestão da Inovação, é possível usar de eventos e palestras para educar e fomentar diferentes pensamentos em pessoas que são envolvidas no processo de ter ideias para a inovação. Você pode levar para a sua empresas pessoas de fora, com uma visão externa, para educar seus colaboradores.
Um bom gestor da inovação certamente deve ser uma pessoa aberta a novos pensamentos e deve saber que a geração de melhores ideias pode vir não só dele, mas de colaboradores, clientes, fornecedores.
O debate também deve ser promovido, pois só através de ideias sendo discutidas, aprimoradas e colocadas em prática que surge a inovação. E qual seria resultado melhor do que esse para a Gestão da Inovação?
Um dos pontos mais importantes da Gestão da Inovação é a correta alocação de recursos financeiros e controle de todo ROI da inovação, advindo das iniciativas de inovação da empresa.
A inovação deve ser vista como um investimento, a partir do momento que existe a possibilidade de se obter um retorno financeiro. E somente através dessa mudança de mentalidade que é possível ter o suporte necessário que os projetos de inovação precisam.
Outro fator importante é saber onde captar recursos para investir em inovação. E nada melhor que procurar entidades especialistas nesse assunto.
A sua empresa pode arrecadar recursos através de Funding para Inovação ou outras fontes externas de financiamento.
Um dos casos mais claros de sucesso é a 3M. Anualmente, ela registra cerca de 3000 novas patentes. Em 2014, a empresa comemorou o registro de 100.000 patentes. Essa grande quantidade de criações não acontece por acaso; só é possível graças a excelentes práticas de gestão da inovação, que facilitam o trabalho da equipe de P&D e que reforçam a cultura de inovação por toda a empresa.
Outro caso emblemático é o da Amazon. Em vez de se limitar a inovações em produtos, a empresa renovou todo o seu modelo de negócios: criada como um e-commerce de livros, hoje ela é um dos maiores market places da internet, oferece serviços de TI, formou uma estrutura própria de logística que é das mais eficientes do mundo.
A gestão da inovação, é claro, teve um papel central nesse processo, já que permitiu que a Amazon identificasse as melhores oportunidades ao longo do caminho. Ou seja, apenas de toda a mudança e diversificação que a empresa atravessou nas duas décadas desde sua fundação, nada foi feito apenas à base de intuição.
Nem todos os casos de sucesso em gestão da inovação são de gigantes corporativas. As PMEs também já despertaram, há muito tempo, para a importância de inovar de maneira consistente. Segundo o estudo Inovação e Competitividade nas PMEs Paulistas, conduzido pelo Sebrae em 2008, em uma autoavaliação, 53% dos empresários afirmaram realizar inovações com alguma frequência. Ainda que o dado possa não representar a realidade da execução da inovação, ele certamente reflete o fato de que a inovação é percebida como um fator para o sucesso do negócio.
Vários pesquisadores das áreas de economia e administração têm se dedicado a estudar como é feita a gestão da inovação em pequenas e médias empresas, e como a inovação ajuda tais empresas a conquistar uma vantagem competitiva. O que esses estudos parecem descobrir é que, embora os negócios de pequeno e médio porte enfrentem alguns obstáculos para a inovação, como a restrição em recursos e mão de obra com menos qualificação, eles podem realizar esforços organizados voltados à inovação e obter bons resultados.
Caso você queira saber mais sobre o assunto, vale a pena conferir o artigo “Análise multi-casos da gestão da inovação em empresas de pequeno porte”, de Campos e Campos (2013). Nesse artigo, os pesquisadores analisaram a gestão de inovação em três PMEs e apresentaram uma análise sobre as dificuldades e os resultados apresentados por essas empresas.
Definitivamente a Gestão da Inovação é algo muito valioso: faz você ter uma compreensão maior da inovação e ainda é uma maneira de controlar as variáveis da inovação, que para muitas pessoas pode ser algo inimaginável e até mítico. Ser protagonista nesse assunto e aplicar dentro de uma organização, traz resultados muito satisfatórios, além de ter um impacto enorme na empresa e na economia. Mas como todo processo e produto, tudo pode ser melhorado e a própria Gestão da Inovação é algo que está sempre evoluindo por meio de pessoas que tem a capacidade de enxergar o mundo através de perspectivas diferentes, usando isso para inovar.”
Por: Evandro Roque
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